Índice
2.2. Produção
(etapas para elaboração de uma composição escrita)
2.4. Coerência,
coesão e progressão textual
2.4.1.1. Tipos de Coerência Textual
2.4.1.2. Princípios
da Coerência Textual
2.4.2.1. Tipos de
Coesão Textual
2.5. A
evolução do enfoque sobre a escrita
Saber compor textos é uma habilidade
requerida em diversas disciplinas do ensino formal. Ela perpassa os currículos
escolares, é imprescindível para se aprender, para se consciencializar e
estruturar o que se aprendeu e para se verificar as aprendizagens em situações
avaliativas. É uma tarefa que tem lugar tanto na vida profissional como na vida
social; através da escrita, expressamos as nossas opiniões e sentimentos,
comunicamos e partilhamos. Ela permite -nos compreender a vida e a nós
próprios. O presente
trabalho será desenvolvido falando especificamente da planificação, produção,
revisão, coerência, coesão e progressão textual, evolução do enfoque sobre a
escrita e exemplo duma composição escrita.
1.1. Objectivos
·
Compreender a composição escrita.
·
Descrever
a produção (etapas para elaboração de uma composição escrita);
·
Conceituar
a revisão;
·
Explicar
coerência, coesão e progressão textual;
·
Indicar
a evolução do enfoque sobre a escrita;
·
Apresentar
exemplo duma composição escrita.
O presente trabalho foi feito com base nas fontes
bibliográficas onde alguns dos manuais foram encontrados através de pesquisas
realizadas na internet como forma de sustentar o tema com mais conteúdo de
interesse.
2.1. Planificação
Uma boa pesquisa é um passo
indispensável para a criação de um texto de qualidade. Escrever não é sair
criando vocábulos a torto e a direito. Por isso, o planejamento é a primeira
etapa para a criação de conteúdos atraentes.
Alguns
cuidados que compõem essa etapa são:
·
Definição
do tema;
·
Definição
do público-alvo do texto;
·
Levantamento
de informações sobre o tópico escolhido;
·
Definição
do género literário;
·
Elaboração da
estratégia argumentativa;
·
Criação
de um esqueleto para o texto – um rascunho.
2.2. Produção
(etapas para elaboração de uma composição escrita)
1ª
Etapa - Pré-Escrita/Planificação:
Nesta fase registarás sem grandes preocupações, as tuas primeiras
ideias, impressões, intenções.. É neste momento que deves fazer um plano para a
produção do teu texto, ou seja, deves reflectir sobre o que irás escrever e
sobre a maneira como irás estruturar a tua redacção.
2ª
Etapa – Escrita:
Nesta fase darás forma às ideias que surgiram na etapa
anterior. Organizá-las-ás num todo coeso e coerente.
3ª
Etapa - Partilha (Revisão/Correcção):
O processo de revisão correcção terá duas operações
distintas:
·
1ª Procura de
defeitos, erros ou imperfeições;
·
2ª Revisão ou
reformulação.
Neste momento deverás tentar detectar, com a ajuda da
professora e/ou colegas, as imperfeições ou os erros e os defeitos do texto que
elaboraste ou estarás a elaborar e reformulá-los de modo a aperfeiçoar a tua
produção escrita. Esta etapa será o momento de netreajuda, de cooperação, de
reescrita. Tem como finalidade tornar o texto mais coerente e correcto. Será,
então, uma tarefa de auto e heterocorrecção. Poderás, também, ler os teus
textos para os teus colegas depois de completamente revistos.
4ª Etapa – Avaliação:
Será a resposta qualitativa do professor ao trabalho
realizado por ti e pelos teus colegas.
2.3. Revisão
A
revisão
caracteriza-se como o processo cuja função é melhorar a qualidade do texto.
Corresponde ao momento de leitura do texto já construído, para prosseguir com
um novo momento de redacção ou para avaliar o texto previamente escrito em
relação ao objectivo pretendido e proceder à sua reformulação. É o momento de
leitura e reflexão sobre o texto com o propósito de proceder a uma avaliação e
a uma nova fase de redacção.
2.4. Coerência, coesão
e progressão textual
Coerência textual é o factor que
possibilita o entendimento da mensagem transmitida no texto. Aliada à coesão, a
coerência tem como função a construção dos sentidos da textualidade. Por meio
da coerência, ocorre a concatenação das ideias do texto. Ou seja, a formação de
uma cadeia de ideias. O texto que obedece à coerência transmite uma relação
lógica de ideias que se complementam, não se contradizem e conferem significado
à mensagem. Quando o texto é coerente, o interlocutor apreende os sentidos do
texto. A falta dela afecta a significação do texto, prejudica a relação com o
interlocutor, a continuidade dos sentidos e compreensão.
2.4.1.1. Tipos de Coerência Textual
Coerência
Narrativa:
Nesse tipo de texto é obedecida uma
lógica entre acções e personagens. Cada acção obedece a um tempo que permite
conhecer a ordem dos acontecimentos sem contradições.
Exemplo:
Ele
ligou à noite para acalmar o desespero dela. Sentou no sofá de couro já gasto,
acendeu a luz do abajur na sala já escura. Chamou por querida, clamou por
perdão. Relatou o dia e prometeu reduzir os hiatos que os separava. A conversa
deu fome. Ele levantou e procurou os últimos vestígios do jantar. Ela ficou saciada
com um copo de leite quente preparado enquanto ele lhe fazia juras que seriam
quebradas na manhã seguinte.
Coerência Argumentativa:
São apresentados exemplos, opiniões e
dados utilizados como argumento para sustentar a conclusão. Também é preciso
obedecer a uma sequência lógica de acontecimentos para sustentar a argumentação
e possibilitar a compreensão da conclusão.
Exemplo:
A
violência escolar é um problema que envolve toda a comunidade. Do núcleo
familiar ao convívio em sociedade, é o Estado, contudo, o responsável por
oferecer as condições necessárias para a redução do problema até a sua quase
eliminação.
Cabe
à sociedade interferir para que o Estado desempenhe de maneira satisfatória o
seu papel e evite que problemas como a violência na escola prejudiquem o
desenvolvimento da comunidade. Em suma, o problema só terá fim com o
envolvimento conjunto da sociedade e Estado.
Coerência Descritiva:
Nesses textos é promovido um retracto das pessoas,
coisas e ambientes com detalhes sobre suas particularidades. São usadas figuras
que condizem com a cena, o ambiente e o tempo onde estão situados os
personagens e acontecimentos.
Exemplo:
Fazia tão calor naquele dia, que as roupas pareciam
aderir à pele. Cada passo na calçada era um desafio ao bem-estar devido à
temperatura do ladrilho. Mesmo assim, saiu mais cedo e foi fazer as compras de
aniversário para a surpresa da noite. Nem mesmo o calor seria suficiente para
impedir a festa.
2.4.1.2.
Princípios da Coerência Textual
Princípio da não-contradição:
Ocorre quando as ideias não se contradizem e a lógica
do texto não é interrompida.
Ocorre quando um mesmo termo não é repetido
exaustivamente, prejudicando a mensagem e tornando o texto inteligível.
Princípio da relevância:
Ocorre quando o interlocutor percebe a obediência à
relação de ideias em uma sequência. Não há quebra. Quando o ordenamento
é incorrecto, ainda que as mensagens tenham significado isoladas, a compreensão
dos sentidos do texto é prejudicada.
A coesão textual é a conexão linguística que permite a
amarração das ideias dentro de um texto. Bem utilizada, a coesão permite
a eficiência na transmissão da mensagem ao interlocutor e, por consequência, o
entendimento. Dentro do texto, a coesão pode ser compreendida pelas
relações linguísticas, como os advérbios, pronomes, o emprego de conectivos, sinónimos,
dentre outros.
Para ser melhor empregada, a coesão necessita de
recursos, como palavras e expressões que têm como objectivo estabelecer a
interligação entre os segmentos do texto. Esses recursos são chamados de
elementos de coesão. Quando o texto é incoerente, prejudica o processo
de comunicação.
2.4.2.1.
Tipos de Coesão Textual
Coesão Referencial:
É o vínculo que existe entre palavras, orações e as
diferentes partículas do texto por meio de um referente. Nesse tipo de coesão,
os termos conectivos ou coesivos anunciam ou retomam as frases, sequências e
palavras que indicam conceitos e fatos.
Isso pode ocorrer através da anáfora ou catáfora.
A anáfora faz referência a uma informação que já fora mencionada no texto. Ou
seja, ela retoma um componente textual, e também pode ser chamada de elemento
anafórico.
A catáfora, por sua vez, antecipa um componente
textual, sendo chamada de elemento catafórico. Os principais mecanismos
da coesão referencial ocorrem por meio da elipse e reiteração.
Exemplo de coesão referencial por elipse:
Vamos à praia no domingo. Você nos acompanha?
Nota: neste tipo de coesão, um
elemento do texto é retirado e evita a repetição.
Vamos à praia no domingo. Você nos acompanha (à
praia)?
Exemplo de coesão por
reiteração:
Aprendizado é dedicação. Aprendizado é plantar o
conhecimento todos os dias.
Nota: neste tipo de
coesão é possível repetir o elemento lexical ou mesmo usar sinónimos.
Coesão Sequencial:
É a maneira como os fatos se organizam no tempo do
texto. Para isto, são utilizadas relações semânticas que ligam as orações e os
parágrafos à medida em que o texto é descrito.
A coesão sequencial pode ocorrer por justaposição ou conexão.
Exemplo de coesão sequencial
por justaposição:
Ricardo é, com certeza, a melhor escolha. Além disso,
conhece os meandros da empresa.
Nota: a
coesão sequencial por justaposição ocorre para dar sequência ao texto no
ordenamento temporal, espacial e de assunto.
A progressão textual é o processo pelo qual o texto se
constrói, com a introdução de informação nova, ligada à informação que já é do
conhecimento do leitor ou que lhe é fornecida no próprio texto. Num texto não
pode haver apenas repetição de ideias. Tem que haver repetição e continuidade,
tem que haver retoma dos seus elementos conceptuais e formais, mas é preciso que
apresente novas informações a propósito dos elementos retomados: é este segundo
aspecto que faz com que o texto progrida.
Os conhecimentos prévios que quem lê um texto tem
habilitam-no a poder compreendê-lo. A informação que é dada no texto só é
compreensível se o seu leitor tiver os conhecimentos suficientes para poderem
servir de base à nova informação que aí é veiculada.
Por outro lado, no próprio texto, são dados elementos
que depois são retomados para se lhes ligar outra informação: é a forma de o
texto ir progredindo.
Assim, opera-se a progressão textual com a introdução
de informação nova que vai estabelecendo relações de sentido com os
conhecimentos prévios do leitor e com segmentos do próprio texto, que vai
fornecendo informação e interligando-a. As relações entre a informação
textualmente expressa e os conhecimentos prévios de quem lê são estabelecidas
com recurso à intertextualidade e a todo o contexto situacional. O
estabelecimento de relações entre os segmentos textuais leva à coesão textual,
que se consegue por meio de um conjunto de recursos utilizados no texto
destinados à remissão para a informação já fornecida e à progressão.
A progressão consegue-se, assim, com os acréscimos semânticos a propósito dos elementos retomados, com o acréscimo de comentários (informação nova sobre algo ou alguém) a um tópico (informação dada: o assunto, a pessoa, a coisa) ou a transformação de comentários em novos tópicos.
2.6. Exemplo duma
composição escrita
Minhas férias
Nas
minhas férias eu gosto de ir para o cinema Montalto . Na ultima vez vi o filme
Velozes e Furios 7. Foi muito bom e durante o filme comi duas caixas de pipocas
e dois refrigerantes de 2 ml.
Quando
eu fico em casa jogo vídeo game com meus irmãos e as vezes fico no computador,
também gosto de conversar com meus amigos. O meu irmão mais velho gosta de
apostar corrida comigo e meu primo com ele. Também faço caminhada com a minha
mãe e meu pai.
Fui
visitar a minha tia na casa dela e ficamos o dia inteiro conversando. Esta foi,
de forma resumida, a rotina das minhas férias, o que eu faço com a minha
família, meus amigos e parentes.
(Texto adaptado)
Com a realização foi possível chegar a conclusão de que a
composição escrita de textos requer do escritor conhecimentos sobre a linguagem
escrita, a gramática e sintaxe, os meios de retórica, o tema e aqueles
relativos à estrutura e aos requisitos específicos à tipologia textual em
elaboração. Para além destes, e para que um texto seja eficaz e cumpra os
propósitos do seu autor, é necessário que este disponha de conhecimentos sobre
o destinatário e que saiba aplicar estratégias de escrita, como a planificação,
a textualização e a revisão.
·
Azevedo, F. (2000). Ensinar e aprender a
escrever através e para além do erro. Porto Editora.
·
Bordini, G. e AGUIAR, V. T. (1998). A
formação do leitor, S. Paulo, Edições Marcado Aberto.
·
Diana, Daniela (2015). Coerência e coesão textual Disponível em: https://www.todamateria.com.br/coerencia-textual/
·
Figueiredo, Cândido, (1986). Grande
Dicionário da Língua Portuguesa, Vol. 1 e 2, Lisboa, Bertrand Editora.
·
Fonseca, F. I. (1992). A urgência de uma
pedagogia da escrita, Mathesis, 1, Centro Regional de Viseu da Universidade
Católica Portuguesa.
·
Rocha, Maria (2011). Progressao textual,
in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Disponível em: https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/progressao-textual/7875