Índice
2. Modelos de Relações
Públicas
2.1. Modelo nº1 ou de imprensa/propaganda
2.2. Modelo nº2 ou de informação pública
2.3. Modelo nº3 ou assimétrico de duas mãos
O
presente trabalho tem como tema Modelos de Relações Públicas. A importância das
relações públicas enquanto função social e organizacional é justificada pela
necessidade de as sociedades e organizações estabeleceram relações ou trocas
com os outros, sejam outros países, outras organizações, outros grupos ou
outros indivíduos. Só mediante este contacto planeado e preparado com o outro é
que a organização poderá concretizar a sua missão e atingir os seus objectivos.
A vida das organizações (e dos indivíduos) é feita de negociação e de
compromisso, possíveis graças à comunicação, isto é, ao tornar comum de
interesses e objectivos a prosseguir, em colaboração e/ou competição. Nas
páginas a seguir irei aprofundar com o estudo falando do modelo de
agência de imprensa ou publicidade, modelo de informação pública, modelo assimétrico
de mão dupla e modelo simétrico de mão dupla.
Ø Compreender os modelos de Relações Públicas.
Ø Explicar
o trajecto das Relações Públicas;
Ø Caracterizar
os modelos de Relações Públicas;
Ø Descrever
os modelos de Relações Públicas;
Para fazer face a realização do
trabalho foi necessário a consulta de fontes de modo a adquirir informações que
versam sobre o conteúdo em estudo.
As tais fontes incluem manuais físicos que se referem a livros e trabalhos
realizados anteriormente e manuais electrónicos adquiridos por via da internet
e os seus respectivos indicadores estão presentes na última página do trabalho,
onde estão pontuados como referências.
2.
Modelos de Relações Públicas
Em
meados do século XIX, o que predominava no modo de actuação das Relações
Públicas, era o exercício da influência na opinião pública para defender os
interesses empresariais. Isto traduzia-se numa comunicação unilateral e
persuasiva, assente na técnica da publicidade. Depois estas definições e modos
de actuar, passaram a incluir a noção de comunicação bilateral, com relações
recíprocas e de mútuo entendimento (Cutlip & Center, 2001).
Para melhor percebermos todo o trajecto evolutivo das Relações
Públicas, James Grunig e Todd Hunt desenvolveram, em 1984, uma teoria para
descrever como deve ser estruturada a profissão. Esta teoria assenta em quatro
modelos de Relações Públicas. Cada um destes modelos corresponde a determinados
períodos, está associado a diferentes objectivos, diferentes origens da
comunicação, processos de comunicação distintos, baseados em
diferentes modos de pesquisa e cada um melhor direccionado para específicos
usos. Podemos ver isso de forma mais esquematizada, representado no quadro
abaixo.
Fonte:
KUNSCH, Margarida 4ªEd. 1997: 110
Grunig e Hunt (1984) dizem que cada um destes modelos demonstra a
natureza ou a forma do processo de comunicação que um profissional poderá
utilizar nas relações entre os públicos e a organização. Assim sendo, vamos
então perceber um pouco sobre o enquadramento histórico de cada modelo bem como
dos conteúdos de cada um:
2.1. Modelo nº1 ou de imprensa/propaganda
Grunig
e Hunt reconhecem que ao longo da história terão surgido actividades idênticas
com as relações públicas. Eles afirmam que os assessores de imprensa de meados
do século XIX (1830-1900) foram os primeiros especialistas a fazer um trabalho
de relações públicas em tempo integral. Estes, com destaque para P. T. Barnum,
usavam o modelo de imprensa/propaganda.
Este modelo visa publicar notícias sobre a organização e fazer
despertar a atenção dos meios de comunicação. A função era publicitar e
divulgar a organização, estimular a credibilidade da empresa, e fazer com que o
nome ou marca da empresa esteja sempre em evidência, mesmo que por vezes o
rigor da informação transmitida não seja o melhor. É uma comunicação de mão
única, sem troca de informações. Utiliza somente técnicas propagandistas.
2.2. Modelo nº2 ou de informação pública
No início do século XX (1900-1920), segundo Grunig e Hunt, surgiu
o modelo de informação pública. Este surgiu devido aos ataques dos jornalistas
às grandes organizações e aos órgãos governamentais. Os líderes dessas
organizações começaram então a contratar jornalistas para escrever
press-releases para explicar aos públicos as suas acções. Apesar de os
profissionais deste segundo modelo só retractarem coisas boas das suas
empresas, todas estas informações que eram comunicadas, eram verdadeiras e exactas.
A figura maior deste modelo foi Ivy Lee.
A ideia deste modelo, que chega a ser caracterizado como
jornalístico, é a disseminação de informação, não só por meios de comunicação
mais gerais mas também meios mais específicos. Neste modelo a abordagem segue
os parâmetros das escolas de jornalismo. A função do profissional de Relações
Públicas neste modelo é semelhante à função de um assessor de imprensa
autónomo, cujo trabalho se centra em reportar aos públicos informações diversas
sobre a organização. A natureza desta comunicação é de mão única porém
difere-se da do modelo anterior pois o uso de conteúdo verdadeiro é
fundamental.
2.3. Modelo nº3 ou assimétrico de duas mãos
Este
modelo surge nos anos 1920 a 1960, onde durante a Primeira Guerra Mundial,
alguns profissionais de Relações Públicas começaram a fundamentar a sua
actividade nas ciências sociais e nas ciências do comportamento, tais como a
psicologia. Edward L. Bernays, que era sobrinho de Sigmund Freud, foi o
principal rosto deste modelo. Como estas ciências se faziam com base em
pesquisa e avaliação de atitudes, as Relações Públicas sofrem aqui uma evolução
e surge assim o modelo assimétrico de duas mãos. Neste modelo, os profissionais
de Relações Públicas procuravam obter informações e também devolviam
informações.
É
um modelo assimétrico porque serve-se desta pesquisa e destas informações
recolhidas junto dos públicos para identificar mensagens que motivem ou convençam
os mesmos, através de técnicas de propaganda e técnicas de persuasão
científica. Bernays acreditava que, (e não esqueçamos o contexto histórico em
que este modelo surge) se os públicos podiam ser manipulados para maus
propósitos, então também poderiam ser manipulados para coisas boas.
Neste terceiro modelo, os profissionais de Relações Públicas,
fazem valer-se destes instrumentos científicos para criar mensagens de
manipulação e persuasão dos públicos. Destas mensagens espera-se um feedback e
daí retirar mais informação sobre determinado público. É uma visão mais egoísta
da organização pois só visa os seus próprios interesses, não se interessando
com os públicos. Os profissionais que utilizam estas técnicas, têm o objectivo
de persuadir a opinião pública a interiorizar o ponto de vista da organização.
E para aqueles que são mais difíceis de persuadir, o objectivo é de pelo menos
deixa-los ficar numa posição neutra em relação aos objectivos da organização.
2.4. Modelo nº4 ou simétrico de duas mãos
Grunig e Hunt reconhecem Ivy Lee e Edward Bernays como os
educadores e líderes profissionais de muitas das suposições que compõem este
quarto modelo. Questões sobre como dizer a verdade, saber interpretar o cliente
e o público, seguir uma administração que entende e se preocupa com os pontos
de vista dos seus públicos e estes, por seu lado, compreendem os das
organizações. Porém, foram muito poucos os profissionais de Relações Públicas
dos modelos anteriores que puseram em prática estes pressupostos. Foi então
que, desde 1920 até aos dias de hoje, teóricos e académicos de Relações
Públicas constituíram este quarto modelo com base nas suas pesquisas e
aprendizagens.
Este, é então um modelo simétrico porque, mais do que usar a
manipulação e a persuasão, ele tenta como objectivo principal, o entendimento
entre a organização e os seus públicos. Neste modelo, as Relações Públicas
actuam como mediadoras na busca pelo equilíbrio entre os interesses da
organização e os interesses dos públicos envolvidos. Serve-se de pesquisas e
usa a comunicação para gerir conflitos e melhorar o entendimento com os
públicos estratégicos, sugerindo a possibilidade de mudanças de comportamento e
atitude de ambas as partes, bem como a compreensão mútua.
É
este o modelo histórico/teórico das Relações Públicas, explicado por Grunig e
Hunt (1984), que melhor contribui para a construção de relações de confiança
dentro das organizações. Embora sofra algumas críticas de alguns
investigadores, pois consideram ser demasiado idealista ou porque entendem que
o profissional de Relações Públicas nunca terá condições para estar numa
posição neutra entre a organização e os seus públicos (Gonçalves, 2010).
Em
poucas palavras, os modelos de Relações Públicas são: o modelo de agência de
imprensa ou publicidade, adopta um tipo de comunicação de mão única valendo-se
de técnicas de persuasão e manipulação para influenciar as audiências, a partir
dos interesses organizacionais; o modelo de informação pública, ainda está
embasado em uma via unidireccional, com uso de técnicas de assessoria de
imprensa buscando construir pautas que, atendendo aos interesses
organizacionais, também sejam de interesse público; o modelo, assimétrico de
mão dupla, ressalta a prática da pesquisa como possibilidade das organizações
conhecerem melhor seus públicos de modo a direccionar seus esforços de
persuasão, de acordo com os interesses organizacionais e o modelo simétrico de
mão dupla, que considera a comunicação como esforço de negociação da
organização com os públicos, de compreensão mútua para a resolução de conflitos
entre as partes.
·
Andrade, Cândido (2001). Para entender
Relações Públicas. São Paulo: Editora Loyola.
·
Bland, Michael. (1994). Novo Manual de Relações
Públicas. Lisboa: Editorial Presença.
·
Cutlip, S. M.; Center, A. H. (2001). Relaciones
públicas eficaces. Barcelona: Ediciones Gestión.
·
Gonçalves, G. (2010). Introdução à
teoria das relações públicas. Porto: Porto Editora.
· Grunig, James; Hunt, Todd (1984). Managing Public Relations. Nova Iorque: Holt, Rinehart e Winston.
Sem comentários:
Enviar um comentário