ÍNDICE
1.2. Usuários da
contabilidade
1.3. Objectivos da
contabilidade
1.7. Correntes do
pensamento científico
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: O fluxo de
caixa é uma das ferramentas mais utilizadas pelas ciências contábeis… 4
Figura 2: Fabricação
de cerveja no Egipto
antigo com escriba registrando
o número de garrafas produzidas……………………………………………………………………………. 6
Figura 3: Gravura de
1517 mostrando o banqueiro Jacob Fugger em seu
escritório ditando para seu contador-chefe M. Schwarz………………………………………………………………..
6
Figura 1: O fluxo de
caixa é uma das ferramentas mais utilizadas pelas ciências contábeis
Contabilidade é uma ciência aplicada, que tem
como objecto de estudo o património das
entidades (ou a azienda, que é o património
mais a pessoa que o administra), seus fenómenos e variações, tanto no aspecto
quantitativo quanto no qualitativo, registrando os fatos e actos de natureza económico-financeira que o afectam
e estudando suas consequências na dinâmica financeira.
"Contabilidade" deriva do termo italiano contabilità, numa
referência ao uso das contas contábeis. Em suma, a contabilidade é a
ciência que mede a riqueza (património) e a sua evolução.
A Contabilidade é a ciência que mede
a realidade económica de uma
organização a fim de permitir o planejamento e controle adequados de entidades económicas. Trata-se de
um ramo do conhecimento cujos fundamentos e objectivos giram em torno da
obtenção de medidas quantitativas e qualitativas para a tomada de decisões, através da aplicação de
ferramentas e técnicas matemáticas para a produção de relatórios/demonstrativos
contábeis/financeiros que evidenciem uma interpretação adequada da realidade económica,
financeira, física e patrimonial das entidades.
Consequentemente, o processo de
análise financeira baseia-se na aplicação de ferramentas e num conjunto de
técnicas
que se
aplicam às demonstrações financeiras e
outros dados complementares com o objectivo de obter medidas e relações
quantitativas que indiquem o comportamento, não apenas da entidade económica,
mas também de algumas de suas variáveis mais importantes. Contabilidade é,
portanto, a ciência da medição, processamento e comunicação de informações económico-financeiras
sobre entidades económicas, sejam elas empresas públicas ou privadas, com
ou sem fins lucrativos ou uma nação (Contabilidade Nacional).
A contabilidade, referida
frequentemente como a "linguagem dos negócios", mede os
resultados das actividades económicas de uma organização e transmite essa
informação a uma variedade de usuários incluindo investidores, credores,
gerentes e agentes reguladores. Os praticantes de contabilidade são conhecidos
como Contabilistas. A contabilidade também pode ser enxergada sob o ponto
de vista das ciências exactas como um modelo. Nesse caso, tal modelo é
construído através de simplificações do funcionamento económico-financeiro de
uma entidade.
O modelo contábil assume premissas
e, a partir destas, retracta o estado financeiro actual de uma entidade e os
fluxos financeiros que compuseram cada um de seus estados. Como resultado, o
modelo contábil gera resultados padronizados que podem ser comparados entre si
e possibilitam também a comparação transversal de entidades diferentes.
Conforme o economista Paulo
Sandroni, a contabilidade é a ciência que "cuida da classificação, registro e
análise de todas as transacções realizadas por uma empresa ou órgão público,
permitindo dessa forma uma constante avaliação da situação económico-financeira.
Tem por objecto o património económico
das pessoas físicas ou jurídicas, comerciais ou civis, bem como o património público
e as questões financeiras do Estado. Seu objectivo é permitir o controle
administrativo e o fornecimento de informações precisas a investidores,
credores e ao público. Envolve todos os aspectos empresariais ou públicos que
possam ser expressos em números, como o activo (propriedade), o passivo
(dívidas), as receitas e despesas, os lucros e perdas e os direitos de
investidores".
De acordo com a doutrina oficial
brasileira (organizada pelo Conselho
Federal de Contabilidade), a contabilidade é uma ciência social da mesma forma
que a economia e
a administração. Esta ciência surgiu em decorrência de
necessidade, quando a sociedade produzia excedentes que necessitavam ser
contabilizados. No Brasil, os
profissionais de contabilidade em geral são chamados de contabilistas. Aqueles que concluem os cursos
de nível superior de ciências contábeis recebem
o diploma de bacharel em
ciências contábeis.
Recebem a titulação de contador os bacharéis aprovados
no exame de suficiência do Conselho Federal de
Contabilidade. Recebem o título de técnico de contabilidade os
profissionais que têm formação de nível
técnico e que tenham obtido seu registro até 1 de Junho de 2015. Em maiô
de 2016, o Conselho
Federal de Contabilidade (CFC) apurou, no Brasil, a
existência de 572 961 profissionais da contabilidade e 53 321
organizações contábeis activas. A pedra-símbolo da contabilidade é o rubislite. O
rubislite faz parte do anel do contabilista, que representa a capacitação
profissional do contador.
O padroeiro dos contadores é São Mateus, que era colector de impostos. O dia
do contador é comemorado em 22 de Setembro enquanto
que o dia do contabilista é comemorado em 25 de Abril.
1.1. História
Figura 2: Fabricação
de cerveja no Egipto
antigo com escriba registrando
o número de garrafas produzidas
Há relatos de que as primeiras
manifestações contábeis datam de cerca de 2000 a.C., com os sumérios e há
quem diga que a linguagem
escrita foi inventada por contadores primitivos. Num mercado
baseado na troca de mercadorias, a contabilidade servia para definir quanto
alguém possuía de uma determinada mercadoria e qual o valor de troca dessa
mercadoria em relação a outra.
A contabilidade iniciou-se
empiricamente com Leonardo Fibonacci. Com o monge Luca Pacioli, principal
divulgador do método das partidas dobradas,
encerrou-se a fase empírica e menos organizada da contabilidade a partir
do século XV.
Figura 3: Gravura de
1517 mostrando o banqueiro Jacob Fugger em seu
escritório ditando para seu contador-chefe M. Schwarz
No tempo do
rei Dom Fernando I, no Reino de
Portugal, eram os contadores e os porteiros que
desempenhavam as funções de contabilistas e
estes respondiam perante os Vedores da Fazenda da casa régia.
Até a primeira metade da década
de 1970, o
profissional do ofício técnico também era conhecido como
"guarda-livros" (correspondente do inglês bookkeeper),
mas o termo caiu em desuso.
A complexidade crescente
das corporações e governos levou
a uma preocupação da sociedade com a
organização da actividade contábil. Até meados do século XX, muitos
autores a viam como um processo (alguns a chamavam por isso de contabilidade histórica). Com a
popularização da visão sistémica e o advento do estruturalismo, que
passaram a ser desenvolvidos na economia e na sociologia, os autores contábeis
começaram a pensar em termos estruturalistas: no Brasil, diante das
peculiaridades próprias da aplicação da matéria, foi proposto um sistema de
funções (ver funcionalismo) que
atendesse os três principais objectivos contábeis: registro, controle e
informação. Mas logo surgiriam outras propostas, visando a satisfazer
diferentes usuários da actividade contábil:
·
Em economia, foi proposto a contabilidade ser um
sistema inserido dentro dos sistemas económicos maiores, como o das empresas (microeconomia) e dos
governos (macroeconomia). Dessa forma passou a ser visto com naturalidade o
uso da matemática e da estatística para
obtenção e interpretação das informações contábeis;
·
Em administração, surgiu a proposta de um sistema
baseado em princípios contábeis, capaz de organizar a actividade
para fins de atender a padronização da informação contábil e de outras
necessidades dos administradores;
·
Em países como o Brasil, onde a legislação é um factor
decisivo na forma final que receberá a actividade, há a ideia do Sistema de
Contabilidade ser um sistema de escrituração: a contabilidade de custos, por
exemplo, é vista pelos legisladores como um sistema à parte do sistema
contábil, havendo um dispositivo que permite, contudo, que a empresa possa
optar por integrar ou não, à sua escrituração, o sistema de
custos.
Todos os três tipos de propostas
acima sofreram inúmeras modificações ao longo dos anos, que procuraram
acompanhar o desenvolvimento acelerado das actividades económicas e
administrativas. Não se pode negar que a proliferação dos sistemas
informatizados de contabilidade foi a mais profunda inovação para a actividade.
Informações transmitidas via internet e o uso de softwares contábeis estão
revolucionando o ambiente contábil.
A contabilidade não poderia ignorar
os inúmeros recursos que a informática pode proporcionar ao seu mister de
controle e estudo do património. Ao
contrário do que possa parecer, todavia, esses sistemas não eliminaram
totalmente a contabilidade tradicional. Eles organizam os dados em informações
como qualquer software administrativo, mas, sem o conhecimento científico
e profissional contábil capaz de trabalhar essa infinita gama de informações,
não conseguirão servir com eficácia aqueles
que, em última instância, foram quem patrocinaram todas as mudanças da actividade:
os citados usuários (gestores, legisladores, accionistas, etc.).
1.2. Usuários da contabilidade
Os usuários tanto podem ser internos
como externos, e, mais ainda, com interesses diversificados, razão pela qual as
informações geradas pela entidade devem ser amplas e fidedignas e, pelo menos,
suficientes para a avaliação da sua situação patrimonial e das mutações
sofridas pelo seu património, permitindo a realização de inferências sobre o
seu futuro.
Os usuários internos incluem
os administradores de todos os níveis, que usualmente se valem de
informações mais aprofundadas e específicas acerca da Entidade, notadamente
aquelas relativas ao seu ciclo operacional. Já os usuários externos concentram
suas atenções, de forma geral, em aspectos mais genéricos, expressos nas
demonstrações contábeis.
Em países com um activo mercado de capitais, assume importância ímpar a
existência de informações corretãs, suficientes e inteligíveis sobre o património
das Entidades e suas mutações, com vista à adequada avaliação de riscos e
oportunidades por parte dos investidores, sempre interessados na segurança dos
seus investimentos e em retornos compensadores em relação às demais aplicações.
A qualidade dessas informações deve ser assegurada pelo sistema de normas
alicerçado nos Princípios Fundamentais, o que torna a contabilidade um
verdadeiro catalisador do mercado de acções.
O tema é vital e, por consequência,
deve-se manter vigilância sobre o grau em que os objectivos gerais da
contabilidade aplicada a uma actividade particularizada estão sendo alcançados.
O entendimento das informações pelos próprios usuários pode levá-los a
conclusão da necessidade de valer-se dos trabalhos de profissionais da
contabilidade.
1.3. Objectivos da contabilidade
Conforme as Normas Internacionais de
Contabilidade (The Conceptual Framework for Financial Reporting - IASB – BV
2011 Blue Book), o objectivo da contabilidade financeira é gerar
informação económica útil para qualquer pessoa interessada no desempenho da
entidade que reporta a informação.
As informações geradas pela
contabilidade devem ajudar investidores e credores actuais e potenciais a tomar
decisões de investimento e de crédito. Para avaliar as perspectivas da
entidade em termos de entrada de fluxos de caixa futuros, investidores
existentes e em potencial, credores por empréstimo e outros credores necessitam
de informação acerca de recursos da entidade, reivindicações contra a entidade,
e o quão eficiente e efectivamente a administração da entidade e seu conselho
de administração têm cumprido com suas responsabilidades no uso dos recursos da
entidade.
Exemplos de referidas
responsabilidades incluem a protecção de recursos da entidade de efeitos
desfavoráveis advindos de fatos económicos, como, por exemplo, mudanças de
preço e de tecnologia, e a garantia de que a entidade tem cumprido as leis, com
a regulação e com as disposições contratuais vigentes. Informações sobre a
aprovação do cumprimento de suas responsabilidades são também úteis para
decisões a serem tomadas por investidores existentes, credores por empréstimo e
outros que tenham o direito de votar ou de outro modo exerçam influência nos actos
praticados pela administração.
O objectivo da contabilidade financeira é
fornecer informações contábil-financeiras acerca da entidade que reporta essa
informação (reporting entity) que sejam úteis a investidores existentes e em
potencial, a credores por empréstimos e a outros credores, quando da tomada
decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade. Essas decisões
envolvem comprar, vender ou manter participações em instrumentos patrimoniais e
em instrumentos de dívida, e a oferecer ou disponibilizar empréstimos ou outras
formas de crédito.
Relatórios contábil-financeiros,
gerados pela contabilidade financeira, fornecem
informação acerca da posição patrimonial e financeira da entidade que reporta a
informação, a qual representa informação sobre os recursos económicos da
entidade e reivindicações contra a entidade que reporta a informação. Os
relatórios contábil-financeiros também fornecem informação sobre os efeitos de transacções
e outros eventos que alteram os recursos económicos da entidade que reporta a
informação e reivindicações contra ela. Ambos os tipos de informação fornecem
dados de entrada úteis para decisões ligadas ao fornecimento de recursos para a
entidade.
As informação sobre a natureza e os
montantes de recursos económicos e reivindicações da entidade que reporta a
informação pode auxiliar usuários a identificarem a fraqueza e o vigor
financeiro da entidade que reporta a informação. Essa informação pode auxiliar
os usuários a avaliar a liquidez e a solvência da entidade que reporta a
informação, suas necessidades em termos de financiamento adicional e o quão
provavelmente bem sucedido será seu intento em angariar esse financiamento.
Informações sobre as prioridades e as exigências de pagamento de reivindicações
vigentes ajudam os usuários a predizer de que forma fluxos de caixa futuros
serão distribuídos entre aqueles com reivindicações contra a entidade que
reporta a informação.
De modo geral, os objectivos da
contabilidade variam conforme a área da contabilidade. Exemplos:
·
A Contabilidade Ambiental tem o objectivo
de gerar informações que envolvam a interacção da empresa com o meio ambiente,
e que sejam úteis para a tomada de decisão dos usuários internos e externos,
Enquanto veículo de divulgação das informações ambientais, pode oferecer
ferramentas necessárias ao controle e divulgação do processo de gestão
ambiental implantado pelas empresas, de acordo com os objectivos fixados.
·
Os objectivos da Contabilidade Financeira provêm
dos órgãos reguladores, em especial, International Accounting Standard Board
(IASB), em nível mundial, Financial Accounting Standard Board (FASB), no
ambiente norte-americano, e Comissão de Valores Mobiliários (CVM), quando se
trata do Brasil. O objectivo da contabilidade financeira é gerar relatórios
contábeis-financeiros de propósito geral, tais como Balanço Patrimonial e
Demonstração do Resultado do Exercício.
·
O objectivo da Contabilidade Aplicada ao Sector Público é
fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos
de natureza orçamentária, económica, financeira e física do património da
entidade do sector público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de
decisão; a adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a
instrumentalização do controle social.
·
Os objectivos da contabilidade de custos é
mensurar e demonstrar informações financeiras e não financeiras relacionadas à
aquisição e ao consumo de recursos pela organização. A contabilidade de custos
deve: fornecer informações para computar o custo de serviços, produtos e outros
objectos de interesse da gestão; fornecer informações para o planejamento e
controle; e fornecer informações para a tomada de decisão.
·
A Contabilidade nacional objectiva
mensurar os principais agregados macroeconómicos Trata-se
de um sistema contábil que permite a avaliação da actividade económica. Tem o objectivo
de mostrar a situação económica de um país ou de uma região em termos
quantitativos.
Para Horngren, Foster e Datar
(2000), a contabilidade deve fornecer informações com vistas ao atendimento dos
seguintes objectivos:
·
Formulação das estratégias gerais e dos planos de
longo prazo – inclui o desenvolvimento de novos produtos e os investimentos em activos
tangíveis (móveis) e intangíveis (marcas, patentes ou recursos humanos) e,
frequentemente, contempla a elaboração de relatórios específicos;
·
Decisões de alocação de recursos com ênfase no produto
e no cliente – envolve frequentemente a elaboração de relatórios sobre a
rentabilidade dos produtos ou serviços, categorias de marcas, clientes, canais
de distribuição, etc;
·
Planejamento e controle de custo das operações e actividades
- engloba relatórios sobre receitas, custos, activos e exigibilidades das
divisões, fábricas e outros centros de responsabilidade;
·
Mensuração do desempenho e avaliação das pessoas -
envolve o estudo comparativo dos resultados planejados com aqueles obtidos,
podendo basear-se em medidas financeiras ou não financeiras;
·
Adequação com a regulamentação externa e as exigências
legais de publicação dos demonstrativos - abarca relatórios financeiros que são
fornecidos aos accionistas que estão tomando decisões de comprar, manter ou
vender acções da companhia.
1.4. Fenómenos contábeis
Dentro de uma visão estruturalista com objectivos
económicos, os fenómenos contábeis se estudam sob os aspectos ambientais e que
são os que envolvem o património; dividem-se
em:
·
Endógenos: do ambiente aziendal;
·
Exógenos: do ambiente social, económico,
político, ecológico, legal, etc.
Mas também há a visão estruturalista
com objectivos sociológicos, no qual o património é substituído
como objecto pela gestão empresarial e pela informação. Nesse sentido, os fenómenos endógenos
seriam os voltados para a informação dirigida a gestão, enquanto os fenómenos
exógenos seriam os voltados para a informação de mercado (em inglês, disclosure).
Para serem reconhecidos como dados
contábeis, dentro de um sistema contábil objectivo, os fenómenos devem estar
materializados em fatos
contábeis, os quais devem ser escriturados. Ou então em actos, que podem
se tornar objecto de escrituração caso
haja o objectivo de se implementar um controle administrativo contábil
para fins de informação. Dessa forma, um sistema contábil deve ser aquele capaz
de organizar os fatos contábeis a partir de três objectivos primordiais:
registro, controle e informação.
As demonstrações financeiras são
relatórios contábeis que apoiam a tomada de decisão nas empresas. Os
demonstrativos mais importantes são:
·
Demonstração do resultado do
exercício (DRE);
·
Demonstração
dos Fluxos de Caixa (DFC);
·
Demonstração das mutações do património
líquido (DMPL);
·
Demonstração do Valor Adicionado (DVA);
·
Notas explicativas.
Outras demonstrações financeiras
incluem:
·
Demonstração
das origens e aplicações de recursos (DOAR);
·
Demonstração de lucros ou prejuízos
acumulados (DLPA);
·
Parecer dos auditores independentes.
1.6. Dimensões contábeis
Como contribuição para a
sistematização e estudo desses fenómenos da prática contábil, poderíamos partir
para uma classificação de "dimensões contábeis", dos seguintes grupos
de relações formados a partir do ponto de vista dos contabilistas, e derivados
das influências mais importantes observadas na actividade prática:
·
Dimensão jurídica;
·
Dimensão administrativa;
·
Dimensão económica.
As relações com várias outras
matérias, apesar de intensas com algumas não citadas tal como por exemplo
a informática ou ciência da computação, não se
caracterizaria como uma nova dimensão pois, nessa relação, prevalece um carácter
lógico-matemático estranho à matéria contábil. Mas, havendo o desenvolvimento
para outras ciências relacionadas que não se atenham aos princípios da
programação e processamento de dados, como parece ser a proposta de uma ciência da informação, essa
restrição pode ser revista.
Dentro da dimensão económica da
matéria, pode-se considerar que os fatos
contábeis se baseiam nas seguintes razões lógicas:
·
A azienda tem
necessidades;
·
De acordo com as necessidades, cria suas finalidades
ou metas;
·
Para suprir as necessidades busca meios;
·
O exercício ou utilidade dos meios gera funções.
O assunto, geralmente, é estudado
sob o título "contabilidade multidimensional".
1.7. Correntes do pensamento científico
Entende-se a contabilidade como
ciência pois:
·
Tem um objecto próprio de estudos;
·
Estuda o objecto sob um aspecto peculiar ou próprio;
·
Estabelece leis (relações entre fatos de validade
geral e perene);
·
Enseja a previsão de fatos;
·
Tem metodologia específica;
·
Tem tradição como conhecimento;
·
Enseja aplicação do seu conhecimento.
Existem diversas correntes do
pensamento científico da Contabilidade, sendo as consideradas próprias de
figurarem como de dimensão predominantemente económica as seguintes:
·
Aziendalismo;
·
Universalismo;
As correntes abaixo serviram para se
reconhecer uma dimensão jurídica da contabilidade, a saber:
·
Contismo;
·
Personalismo.
A ressaltar ainda as teorias e
técnicas desenvolvidas pelos anglo-americanos, as quais se enquadram na
dimensão administrativa da Contabilidade e que, apesar de não se revestirem de carácter
científico, são bastante influentes: auditoria (auditoria
interna e auditoria
externa), princípios contábeis geralmente aceitos (GAAPs),
contabilidade divisional, contabilidade gerencial, da análise financeira e da consolidação dos balanços.
1.8. Técnicas contábeis
A fim de atingir sua finalidade, a
contabilidade utiliza as seguintes técnicas:
·
Escrituração: consiste em
efectuar, de forma sistematizada, os registros das ocorrências que influenciam
a evolução patrimonial. A escrituração, portanto, é realizada levando em
consideração a ordem cronológica de todos os acontecimentos. A técnica contábil
da escrituração é baseada em documentos comprobatórios, ou seja, todos os
acontecimentos a serem escriturados devem corresponder a um documento
legalizado que comprove a sua veracidade;
·
Demonstrações contábeis: consiste em
apresentar todos os registros efectuados em uma forma condensada, que apresente
os resultados atingidos pela empresa em um determinado período. Os fatos
registrados devem constar em demonstrações expositivas, que, segundo a lei 6
404/76, são denominadas demonstrações financeiras;
·
Auditoria: técnica que busca ratificar a exactidão dos registros
já efectuados e apresentados nas demonstrações contábeis. Consiste em um exame
pormenorizado de todos os dados escriturados pela contabilidade, verificando se
todos foram efectuados seguindo os princípios fundamentais da contabilidade.
Essa técnica pode ser aplicada de duas formas distintas: auditoria interna e
auditoria externa;
·
Análise de balanço: levando em
consideração que as demonstrações contábeis representam dados sistematizados,
que apresentam de forma sintética os resultados da empresa, nem sempre os
usuários têm condições de interpretá-los. Assim, cabe à própria contabilidade decompor,
comparar e interpretar os demonstrativos contábeis, com a finalidade de
fornecer informações mais ágeis para os usuários.
1.9. Equação fundamental da contabilidade
A contabilidade toma emprestado
muitos conceitos e ferramentas de outras ciências. No entanto, tem algo que é
exclusivamente seu, que é a chamada "equação fundamental da contabilidade". Esta
equação é escrita na forma A=P+PL e significa que o total de activos (A)
sempre é igual à soma do total de passivos (P) com o património (PL).
Ela é desdobrada da equação A=P, anterior às teorias que introduziram o
conceito de PL como a diferença entre activos e passivos.
1.10. Contas
contábeis
Contas contábeis são a essência da
contabilidade, que já foi chamada de "ciência das contas". Sem as
contas, preferencialmente organizadas na forma cartesiana ou racional
(ver análise contábil) e escrituradas pelo método das partidas dobradas (ver Escrituração), os sistemas de informação que se
utilizam de dados empresariais devem ser denominados de gerenciais ou
administrativos - e não contábeis (ver sistema de informação contábil).
As contas contábeis devem ser
expressas com títulos em conformidade com os actos e fatos administrativos
provocados, e figurar num plano de contas, de acordo
com as suas características, similaridades ou eventos económicos produzidos.
Uma conta deve representar facilmente a operação realizada por uma entidade.
Conforme o artigo 178 da Lei 6
404/76, "no balanço patrimonial, as contas serão classificadas
segundo os elementos do património que registrem, e agrupadas de modo a
facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia".
1.11. Débito e crédito
Nos livros contábeis, os débitos se
inscrevem no lado esquerdo das contas, e os créditos, no lado direito.
Pelo método das partidas dobradas, a cada
operação, correspondem um ou mais débitos e um ou mais créditos, sendo que a
soma dos créditos será igual à soma dos débitos correspondentes. Se uma conta
possuir mais débitos que créditos, terá saldo devedor, e se possuir mais
créditos que débitos, terá saldo credor.
O facto de se identificarem as
origens (credores) e destinos (devedores) dos recursos faz com que os conceitos
de débito e crédito sejam difíceis de se compreender à primeira vista, já que
eles são erroneamente associados a diminuições e aumentos de capital,
respectivamente. Ou seja: crê-se, erroneamente, que débito é sempre ruim e que
crédito é sempre bom.
·
SÁ, Antônio Lopes de, Fundamentos
da contabilidade geral. Curitiba: Juruá, 2005.
·
Venceslau, Fábio Ygor N., A
importância do planejamento no processo de gestão, Belém, 2007, folha 22.
·
Monografia (Especialização em
Contabilidade e Controladoria), Faculdade de Estudos Avançados do Pará, Belém,
2007.
·
Prado, Claudio R. do, "Princípios
contábeis e sua aplicabilidade", Curitiba PR, Editora Prado.
·
Alleader, Marco Trevissani "A
História da Contabilidade" «A
História da Contabilidade»
·
Ribeiro, Osni Moura, "Contabilidade
Comercial Fácil", Editora Saraiva, 4a. edição, 1991, ISBN
85-02-00852-8 e ISBN
85-02-00853-6.
·
Ribeiro, Osni Moura, "Contabilidade
Básica Fácil", Editora Saraiva, 12a. edição, 1991, ISBN
85-02-00854-4 e ISBN
85-02-00856-2.